Utilizando de maneira ousada o informalismo como pretexto e objecto, Eunice Maia consegue obter um resultado surpreendente a nível visual e algo atrevido no plano formal, ao combinar sabiamente planos monocromáticos de cor com manchas gestuais.
Tendo resolvido eficazmente a tensão habitual entre os distintos modos de conceber a abstracção e entre estes e a figuração, quase inexistente, o seu grande mérito está, precisamente, em fazê-los coexistir com harmonia e, mais ainda, em fundi-los de tal modo que o resultado seja uma obra integral, sem fissuras, reflectindo a sua ânsia de investigação, de experimentar, de demonstrar que as tendências em pintura não conhecem barreiras nem fronteiras e que as técnicas tradicionais podem realizar-se, e devem fazê-lo, com obras mais modernas.
Realmente, a sua mais recente obra prova que, mais do que pintora, Eunice Maia é uma criadora de âmbitos oníricos submetidos a uma trama pictórica muito bem urdida: textura, desenho, cor, luz, espaço, técnica e composição convivem de forma harmónica, sem deixar nunca que o rigor na sua utilização afogue o sentimento de uma obra cálida e profundamente emocional.

Rodrigues Vaz
Crítico de Arte
Crítico de Arte